Carol Trentini, Enzo Celulari, Duda Beat e muito mais: por que esta temporada de SPFW é dos castings hypados?

Seja pelo poder midiático, por representatividade, para contar uma história ou alcançar outros horizontes, estilistas apostaram em uma turma de peso para apresentar suas novas coleções

Entre os nomes estrelados que cruzaram as passarelas desta edição da São Paulo Fashion Week, Duda Beat, Xamã, Marina Sena, Camila Queiroz e Enzo Celulari são apenas alguns. Isso sem mencionar a supermodelo brasileira Caroline Trentini, a drag queen Bianca DellaFancy e os ex-BBB’s Camilla de Lucas, Paulo André e Pedro Scooby. É, de fato, esta foi a edição dos castings hypados.

De influenciadores digitais a artistas com alcance nacional, como em um insight coletivo, as marcas decidiram investir em seus relacionamentos e convidaram à passarela personalidades que refletem a essência de suas criações.

Go Back SPFW N53: Lino Villaventura (Foto: Lucas Sant’ana)
Go Back SPFW N53: Lino Villaventura (Foto: Lucas Sant’ana)

“Vivemos em um meio midiático. Ter a força das celebridades para uma marca do tamanho da minha é importante para que a gente ganhe mais visibilidade”, diz Rafael Silvério, estilista à frente da label que leva seu sobrenome, acrescentando que o movimento é uma via de mão dupla: “Eles também acabam ganhando um certo refinamento e sendo incluídos em um espaço que sempre foi excludente para alguns nomes. A gente sabe que, antes, as celebridades convidadas não eram ex-BBB’s, mas atrizes globais. Faz parte do nosso papel, enquanto uma marca que fala de diversidade, mostrar que essas personalidades também são dignas desse lugar”. 

Pedro Scooby para Silvério, SPFW N53 (Foto: Caio Brito)
Pedro Scooby para Silvério, SPFW N53 (Foto: Caio Brito)

Airon Martin, fundador e diretor criativo da Misci, que na última edição já tinha iniciado seu desfile com ninguém menos que Sasha Meneghel, este ano contou com a participação de uma turma para lá de especial: “São pessoas que fazem parte da marca, ninguém caiu ali de paraquedas. Enzo [Celulari] é um cliente querido, já vestimos o P.A. algumas vezes e a Duda Beat, além de ter uma consciência de classe social tremenda, também é cliente e veste a marca. Enfim, todos têm um sentido ali dentro. É muito importante para mim ter gente ao meu lado que conheça e valorize a Misci, pessoas que buscam entender a importância da moda e da indústria nacional”.

O designer ainda ressaltou a importância de ter Carol Trentini, que abriu e fechou seu desfile, participando da maior fashion week do país. “Ver esse nome tão importante da moda mundial, usando a mesma matéria-prima que ela usaria em qualquer grande grife, vestindo uma peça de design nacional e feita por uma marca brasileira representa muita coisa. Além disso, ela é uma modelo de muita identidade. Então, a colocamos em roupas que ela usaria, que têm sentido com ela”, afirmou.

Misci (Foto: Lucas Sant’ana)
Misci (Foto: Lucas Sant’ana)

Para a goiana Naya Violeta, diretora criativa da marca homônima, que levou a líder indígena Sônia Guajajara, Carmem Silva e Bela Gil para a passarela, este movimento potencializa um Brasil no qual se pode acreditar. “Ter dona Jacira, que além de mãe do Emicida é uma multiartista que admiro muito, contando que antes só era chamada para ser doméstica, é um aquecimento para o coração e uma certeza de que estamos ocupando outros lugares. Estamos construindo um novo imaginário com figuras que são relevantes para mim e para os meus. Nossas escolhas tiveram esse viés e foi grandioso fazer isso com nomes de peso, como [a cantora e compositora] Héloa, Harlley [que integra o Quebrada Queer, coletivo de rap LGBTQIA+], Isis Broken e Aqualien, um casal trans que têm um bebê e são a família do Brasil, aquela que por muito tempo a gente não quis olhar”, diz a estilista.

Go Back: Naya Violeta (Foto: Lucas Sant’ana)
Go Back: Naya Violeta (Foto: Lucas Sant’ana)
Go Back: Naya Violeta (Foto: Lucas Sant’ana)
Go Back: Naya Violeta (Foto: Lucas Sant’ana)