A psicanalista Manuela Xavier reflete sobre o primeiro dia de SPFW, o tema desta edição do evento, e o desfile de João Pimenta
Nesse ano, a 55ª edição do São Paulo Fashion Week apresenta o tema “Origens/Ressignificar”, assim, dessa forma: um substantivo feminino escrito no plural para demarcar esse ponto zero, o início, o ponto de partida; um muro simbólico e linguístico; seguido de um verbo que convida a uma ação: atribuir um outro significado que conduza a um novo sentido. É o velho e o novo; o coletivo e o individual; o original e o autoral, numa sincronia bonita e convidativa contando uma história. E que história é essa?
No dicionário, a palavra moda contempla sentidos coletivos e também individuais: é a tradução de um tempo e de uma cultura, aglutinando portanto modos de ser e existir de um coletivo; e também um modo radicalmente próprio de se fazer alguma coisa que inspira e passa a ser perseguido como ideal. Em tempos de fast fashion que reproduzem tendências que duram o tempo de um story, uma semana de moda apresentar desfiles que contam histórias de décadas de construção é revolucionário. Em tempos de padronização do belo, uma temporada de moda afirmar que a origem é múltipla e portanto os caminhos podem ser também infinitos, é uma aposta na beleza de ser quem podemos ser.